O Dia Mundial do Cancro do Ovário, assinalado a 8 de maio, destaca a importância de agir perante uma das doenças oncológicas mais letais entre as mulheres.
Este dia não se dirige apenas à população em geral, é também um alerta para os profissionais de saúde. A elevada taxa de mortalidade associada ao cancro do ovário exige maior conhecimento, capacidade de deteção precoce e intervenção especializada.
Cancro do Ovário: um inimigo silencioso
O cancro do ovário é uma neoplasia ginecológica que surge, na maioria dos casos, a partir do epitélio que reveste os ovários.
Apesar de ser menos prevalente do que o cancro da mama ou do colo do útero, apresenta uma das mais altas taxas de mortalidade entre os cancros femininos.
Este facto deve-se ao diagnóstico tardio, evolução silenciosa e elevada agressividade biológica. Compreender os mecanismos de crescimento do tumor e disseminação peritoneal é essencial.
Principais tipos de Cancro do Ovário
O cancro do ovário inclui vários subtipos com características morfológicas e clínicas distintas. A identificação correta do tipo de tumor é fundamental para definir o plano de tratamento e estimar o prognóstico. Eis os principais:
• Carcinoma seroso de alto grau
É o tipo de cancro de ovário mais frequente e também o mais agressivo. Caracteriza-se por um crescimento acelerado e uma grande capacidade de disseminação dentro da cavidade abdominal. É, na maioria dos casos, diagnosticado em fases avançadas.
• Carcinoma endometrioide
Representa uma proporção menor, mas significativa, dos tumores epiteliais. Costuma estar associado à presença de endometriose e tende a ter um comportamento menos agressivo, com melhor resposta terapêutica quando diagnosticado precocemente.
• Carcinoma de células claras
Subtipo raro e de comportamento clínico variável. Está igualmente relacionado com a endometriose e apresenta menor sensibilidade à quimioterapia convencional, o que complica o seu tratamento em fases avançadas.
Fatores de Risco no Cancro do Ovári
O risco de desenvolver cancro do ovário está associado a múltiplos fatores:
• Genéticos, como as mutações BRCA1 e BRCA2, cada vez mais identificadas em programas de aconselhamento genético;
• Endócrinos e reprodutivos, como nuliparidade ou menarca precoce;
• Ambientais e comportamentais, como tabagismo, obesidade e exposição prolongada a terapias hormonais.
O profissional de saúde deve ser capaz de interpretar estes riscos de forma crítica, identificar perfis de alto risco e orientar as suas doentes de forma informada e preventiva
Sintomas do Cancro do Ovário
Os sintomas do cancro do ovário são geralmente vagos, o que dificulta o diagnóstico precoce:
• Distensão abdominal persistente
• Dor pélvica ou abdominal
• Sensação de enfartamento precoce
• Necessidade frequente de urinar
• Fadiga ou perda de peso involuntária
A tendência para normalizar estes sinais compromete o diagnóstico precoce.
Desafios no diagnóstico do Cancro do Ovário
O diagnóstico precoce do cancro do ovário continua a representar um dos maiores obstáculos na prática clínica.
A inexistência de um método de rastreio eficaz e universal dificulta a deteção em fases iniciais, altura em que as hipóteses de sucesso terapêutico são mais elevadas.
Exames como a ecografia transvaginal e a dosagem do marcador tumoral CA-125 podem fornecer pistas importantes, mas apresentam sensibilidade e especificidade limitadas, sobretudo em fases precoces da doença. Além disso, o CA-125 pode estar aumentado em condições benignas, o que compromete a fiabilidade do exame isolado.
O verdadeiro desafio para os profissionais de saúde reside na capacidade de integrar dados clínicos, laboratoriais e imagiológicos de forma criteriosa. Esta integração exige um raciocínio clínico apurado, atenção aos sinais subtis e familiaridade com os fatores de risco individuais. Só assim se torna possível identificar casos suspeitos de forma atempada e eficaz.
Tratamento do Cancro do Ovário: O que vem depois do Diagnóstico?
O tratamento do cancro do ovário assenta numa combinação entre cirurgia e terapêuticas sistémicas, ajustadas ao tipo de tumor e ao estádio da doença.
• Cirurgia citorredutora
A remoção máxima do tumor continua a ser o principal objetivo nas fases iniciais e avançadas. A extensão da resseção tem impacto direto na resposta aos tratamentos subsequentes e na sobrevivência.
• Quimioterapia
Os regimes com base em platina, frequentemente combinados com taxanos, são amplamente utilizados no pós-operatório ou em contextos de doença avançada. A resposta inicial pode ser significativa, mas a recaída permanece uma realidade em muitos casos.
• Terapias alvo
A introdução dos inibidores da PARP veio marcar uma viragem, sobretudo em mulheres com alterações genéticas específicas. Estes agentes atuam de forma seletiva em células com défices na reparação do ADN, prolongando o controlo da doença.
• Imunoterapia e investigação clínica
Embora ainda em fase de estudo, as abordagens baseadas em imunomodulação e novas moléculas estão a abrir caminho para tratamentos mais personalizados e com menos toxicidade a longo prazo.
A personalização das estratégias terapêuticas, ajustadas ao perfil biológico do tumor e ao historial clínico da doente, tem permitido melhorar os resultados e a qualidade de vida em contextos oncológicos exigentes.
Importância da formação especializada
O cancro do ovário continua a ser um dos maiores desafios na prática clínica, tanto pela dificuldade no diagnóstico precoce como pela complexidade das opções terapêuticas. A variabilidade dos subtipos de tumores, a rápida evolução da doença e a necessidade de um acompanhamento prolongado exigem conhecimento técnico profundo e atualizado.
Neste contexto, a formação especializada torna-se essencial. Permite desenvolver competências práticas e avançadas na identificação de sintomas precoces, interpretação de exames complementares, avaliação de fatores genéticos e aplicação de estratégias terapêuticas ajustadas ao perfil da doente. Mas vai além do domínio clínico, fortalece também a capacidade de comunicar eficazmente, tomar decisões em contexto multidisciplinar e prestar um acompanhamento centrado na pessoa, com sensibilidade e empatia.
Para os profissionais que atuam na área da saúde, investir em qualificação contínua é um passo decisivo para prestar cuidados mais eficazes e humanizados.
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