As doenças reumáticas afetam milhões de pessoas em todo o mundo e representam um desafio clínico e funcional constante para profissionais de saúde.
Inflamação persistente, dor crónica, rigidez articular e limitação de movimentos não comprometem apenas a capacidade física, mas também a autonomia, a vida social e o bem-estar emocional destes utentes.
No meio deste cenário, a fisioterapia emerge como uma ótima aliada, capaz de intervir na prevenção, na reabilitação e na promoção de estratégias que devolvem movimento e qualidade de vida — mesmo perante doenças incuráveis e progressivas.
Impacto funcional e clínico das doenças reumáticas
Patologias como a artrite reumatoide, a espondilite anquilosante, o lúpus eritematoso sistémico ou a osteoartrose apresentam padrões diferentes de evolução, mas partilham consequências que exigem intervenção específica, entre as quais:
- Limitação da amplitude articular e rigidez matinal prolongada;
- Perda progressiva de força muscular, muitas vezes acelerada pela inatividade;
- Fadiga crónica, que afeta não apenas a prática de exercício, mas também as atividades mais básicas do quotidiano;
- Alterações posturais e sobrecarga mecânica noutras articulações;
- Impacto psicológico pela dor persistente e pela perceção de perda de capacidade funcional.
Estes efeitos não ocorrem isoladamente. Formam um ciclo vicioso em que a dor leva à inatividade, a inatividade agrava a perda de função e esta, por sua vez, aumenta a dependência e a fragilidade física.
Intervenção fisioterapêutica nas doenças reumáticas
A fisioterapia não se resume a um conjunto de exercícios padronizados. Trata-se de uma intervenção altamente personalizada, que considera o diagnóstico, a fase da doença, a condição física atual, a comorbilidade e os objetivos do doente. As abordagens incluem:
- Terapias manuais para aliviar rigidez e otimizar a mobilidade articular;
- Treino de força e resistência adaptado à tolerância e à fadiga;
- Mobilizações suaves e alongamentos para preservar ou recuperar amplitude articular;
- Educação terapêutica para gestão de sintomas e prevenção de agravamentos;
- Reeducação postural e técnicas de economia de energia;
- Orientação para adaptação de tarefas diárias, redução de sobrecargas e preservação da autonomia.
Estratégias diferenciadas nas fases ativa e de remissão
As doenças reumáticas são, por natureza, marcadas por períodos de agudização e fases de maior estabilidade. As abordagens fisioterapêuticas devem ser capazes de acompanhar estas oscilações
Numa Fase Ativa, deve ser priorizado o controlo da dor, a redução da inflamação e a preservação da mobilidade com técnicas suaves e de baixo impacto. Deve-se evitar cargas excessivas ou movimentos que agravem sintomas.
Já na Fase de Remissão, investir na recuperação da força, na melhoria da resistência cardiovascular, no treino funcional e no reforço muscular oferece apoio articular e contribui para a prevenção de recaídas.
Esta alternância exige flexibilidade clínica, comunicação constante com a equipa multidisciplinar e envolvimento ativo da pessoa no seu plano terapêutico.
O papel da educação e do autocuidado
Uma parte significativa do sucesso da intervenção fisioterapêutica depende do que acontece fora da sessão. Ensinar estratégias de autocuidado é crucial:
- Planificação das atividades diárias para evitar sobrecarga;
- Uso adequado de ajudas técnicas (bengalas, talas, ortóteses);
- Práticas de movimento regulares adaptadas ao contexto individual;
- Gestão do repouso para prevenir fadiga excessiva;
- Monitorização de sinais de agravamento para intervenção precoce.
O fisioterapeuta torna-se também educador, ajudando a pessoa a compreender a doença e a assumir um papel ativo no seu próprio tratamento.
Humanização da fisioterapia nas doenças reumáticas
Nas doenças crónicas, como as doenças reumáticas, a dimensão humana do cuidado é central. Ouvir, compreender as limitações, valorizar as conquistas e adaptar as metas ao contexto real são passos essenciais para manter a motivação e o envolvimento da pessoa no tratamento.
A integração com outros profissionais, sejam médicos reumatologistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos ou enfermeiros, é igualmente vital para garantir uma abordagem coesa, que contemple a função física, mas também o bem-estar global.
Formação Especializada em Fisioterapia
Este curso apresenta de forma aprofundada os princípios, fundamentos e aplicações do Método CMEQ®, onde se explora como a abordagem integrativa pode reforçar a eficácia terapêutica, promover o bem-estar e elevar a qualidade humana do tratamento.
Webinário “Fisioterapia nas Doenças Reumáticas”
Para aprofundar estas questões e conhecer as abordagens mais atuais e eficazes na otimização da função e da qualidade de vida de pessoas com doenças reumáticas, participe no webinário
“Fisioterapia nas Doenças Reumáticas”.
Será uma oportunidade para explorar estratégias baseadas em evidência, discutir casos reais e refletir sobre a integração da fisioterapia no percurso clínico destas patologias, sempre com foco na personalização e humanização do cuidado.
Na gestão das doenças reumáticas, cada movimento orientado com conhecimento e empatia é uma oportunidade para preservar autonomia, aliviar dor e reforçar a confiança de que é possível viver melhor, mesmo com limitações.
Se deseja tornar-se uma referência nesta área, explore a nossa oferta formativa e capacite-se junto dos melhores profissionais e especialistas da atualidade.