O adulto montessori

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O Adulto Montessori

Maria Montessori, no seu livro ‘A Criança’, coloca uma questão muito pertinente e que está na base de todo o seu trabalho como investigadora, médica, educadora e pedagoga: “Quais foram, portanto, as condições que permitiram a transformação impressionante dessas crianças, ou melhor, o aparecimento de novas crianças, cujo espírito se manifestou com tal esplendor que difundiu a sua luz pelo mundo inteiro?”

Ao longo da sua vida, Maria Montessori, ao observar as crianças, concluiu que existem 3 pilares imprescindíveis para o seu desenvolvimento e crescimento:

  • O papel do Adulto;
  • O papel do Ambiente;
  • A criança.

 

Neste artigo, pretende-se abordar e clarificar o papel do Adulto num ambiente Montessori e um Adulto que as crianças verdadeiramente necessitam.

 

No seu livro “A Criança”, Montessori refere que existe uma missão urgente em educação: é necessário ‘libertar a criança’, ‘abrir-lhe a porta’, ‘partir à descoberta’ da mesma e libertar-lhe o espírito; é nesse desafio de construção de uma nova educação, que nasce, para Montessori, uma nova definição do perfil/papel de professor assim como uma nova conceção sobre o ambiente.

 

Nas suas escolas, o professor é visto como um ‘mestre passivo’ e a criança como um ‘mestre ativo’ e foi esta inversão de papéis, comparado com o modelo tradicional de ensino que gerou mais controvérsia. No mesmo livro, Maria Montessori cita São João Batista, em que este descreve exatamente esta nova relação professor-aluno e passo a citar: “Convém que ela [criança] cresça e eu diminua”, passando assim o adulto a abdicar do seu mérito próprio, do ensino centrado em si e dando maior ênfase às capacidades/competências das crianças – educação centrada na criança.

 

É neste seguimento que Maria Montessori, no seu outro livro Mente Absorvente refere que este novo professor necessita de uma ‘auto-preparação’, pois passará a ‘encontrar diante si uma criança que, não existe ainda’. Esta criança reside num ‘campo espiritual’, e revelará as suas potencialidades, quanto mais a professor estiver disponível a criar as condições necessárias para que ela cresça e se desenvolva naturalmente. Estas condições passam por conseguir/descobrir como atrair a atenção da criança, e isso se tornará bem percetível através do grau de concentração e do tempo que a mesma disponibilizará numa determinada atividade/exercício. Para que isto posso acontecer, o novo adulto, deve também criar as melhores condições dentro dos espaços de aprendizagem, aquilo que Maria Montessori designará por ambiente preparado.

 

 

O Adulto Montessori

 

Existem 3 aspetos no comportamento da professora que Montessori indica como fundamentais para a transformação do novo perfil de educador:

  1. A professora passa a ser guardiã e curadora do ambiente’;
  2. Deve ser sedutora, deve atrair a criança’;
  3. Observa e não interfere.

 

O adulto é convidado a ‘erguer-se a uma altura espiritual’, abdicando e eliminando comportamentos que falam mais de si mesmo do que aquilo que verdadeiramente diz sobre a criança. Maria Montessori revela que um simples ‘muito bem’, um simples olhar e toque, a tentação de ajudar a criança sem que ela peça ajuda ou mesmo fazer as coisas pela criança, retiram autonomia e independência à mesma e, muito provavelmente, trata-se mais de uma ‘presunção’ da professora, cujo fim último é, inconscientemente, satisfazer as suas próprias necessidades.

 

Um Adulto Preparado é alguém que está ao serviço da criança e permitir que a mesma adquira ‘independência física ao ser suficiente para si mesma; independência de vontade com a escolha própria e livre; independência de pensamento com o trabalho desenvolvido sozinho, sem interrupções’.

 

A arte do servo de espírito é aquela que ajuda a criança a agir, querer e pensar sozinha, uma vez que ‘o respeito pelo esforço espiritual de cada indivíduo é a água que rega as raízes de sua alma’ e reconhecer isto é relembrar que a criança é ‘o pai do verdadeiro homem’; neste reconhecimento, a professora poderá dizer para si mesma: ‘Vi a criança como deveria ser e acabei achando-a melhor do que podia supor’.

 

Chegado a este nível penetrante do conhecimento sobre a infância, vai permitir à professora criar uma nova forma de amor. Um amor não material e não pessoal. Será um amor não preenchido pela professora, mas sim pela criança (‘é a professora que se sentiu levada a um nível que desconhecia. A criança a fez crescer até levá-la para a sua esfera’, e isto significa que a professora ‘abandona espontaneamente as satisfações que [lhe] confere o grau superior na hierarquia do ensino’ e inicia a sua transformação pessoal e profissional.

 

Montessori escreve no livro Mente Absorvente que: ‘A verdadeira preparação para a educação é o estudo de mim mesma. A formação da professora que ajudará a vida é muito mais que aprender ideias. Inclui o treinamento do carácter: é uma preparação do espírito’.

 

 

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Artigo da autoria de:
Daniela Laranjeira

Pós-graduada em Terapia Familiar e Intervenção Sistémica, pelo Instituto Português de Psicologia. Licenciada em Educação Social pela Escola Superior de Educação do Porto. Possui Certificação em Programação Neurolinguística pela International Trainers Academy of NLP e LifeTraining; Certificação em Coaching pela EAPPT - European Association of Peak Performance Trainers e LifeTraining e Certificação como Assistente Montessori 3-6 anos, pela AMI (Association Montessori International). Desempenha funções como Educadora Social na Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos há 14 anos, intervindo com jovens dos 15 aos 25 anos que se encontram em situação de abandono precoce de educação e formação. Participa/participou em inúmeros projetos internacionais com ênfase em métodos criativos e inovadores no trabalho com jovens vulneráveis e papel no ‘Novo’ educador. Desde 2020 que gere um projeto de Podcast intitulado de “Faces da Educação”, um projeto onde convida pedagogos, educadores, professores e outros agentes de educação que desenvolvem projetos de inovação pedagógica em pleno respeito pelo desenvolvimento das crianças e jovens.

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