Dia Mundial da Esclerose Múltipla: Consciencializar, Compreender, Apoiar

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Dia Mundial da Esclerose Múltipla: Consciencializar, Compreender, Apoiar

Sensibilizar para a Esclerose Múltipla é reconhecer os seus desafios clínicos e sociais, mas também valorizar o papel dos profissionais de saúde! Saiba mais.

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crónica, autoimune e potencialmente incapacitante, que afeta o sistema nervoso central. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que mais de 1,8 milhões de pessoas vivam com esta patologia em todo o mundo, sendo mais prevalente entre jovens adultos, sobretudo mulheres.

 

O Dia Mundial da Esclerose Múltipla, assinalado anualmente a 30 de maio, é uma oportunidade para intensificar os esforços de consciencialização, promover a educação pública e mobilizar recursos para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.

 

Neste artigo, abordamos o impacto da doença, os desafios clínicos e sociais que lhe estão associados, bem como o papel ativo dos profissionais de saúde e a forma como a formação contínua pode potenciar diagnósticos mais precisos e uma prática profissional mais qualificada.

 

 

O que é a Esclerose Múltipla?

 

A Esclerose Múltipla é uma doença desmielinizante que resulta numa reação autoimune contra a mielina, a camada protetora que envolve as fibras nervosas no sistema nervoso central. Esta reação provoca a formação de lesões inflamatórias no cérebro e na medula espinhal, comprometendo a transmissão dos impulsos nervosos.

 

Os sintomas são variados e podem surgir em surtos ou com progressão contínua. Entre os mais frequentes, destacam-se:

 

  • Fadiga intensa: Sensação persistente de cansaço extremo, que não melhora com o repouso e afeta significativamente o desempenho diário;
  • Alterações visuais: Incluem visão turva, visão dupla (diplopia) ou perda parcial da visão, frequentemente associadas a neurite ótica;
  • Perda de equilíbrio e coordenação: Dificuldade na marcha, instabilidade postural e vertigens;
  • Espasticidade: Rigidez muscular, geralmente nos membros, que pode interferir na mobilidade e causar dor.
  • Défices cognitivos: Alterações na memória, atenção, concentração e velocidade de processamento da informação.

 

A complexidade clínica da Esclerose Múltipla exige uma abordagem holística, considerando não só o controlo dos sintomas, mas também o suporte psicossocial.

 

Tipos de Esclerose Múltipla

 

A Esclerose Múltipla pode manifestar-se através de diferentes tipos de evolução clínica, que influenciam o prognóstico e a abordagem terapêutica. Os principais são:

 

  1. Esclerose Múltipla Surto-Remissão (EMSR): Caracteriza-se por surtos bem definidos, seguidos de períodos de remissão total ou parcial. É a forma mais comum, especialmente nas fases iniciais da doença;
  2. Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP): Evolui a partir da forma surto-remissão, com uma progressão contínua da incapacidade, podendo ou não ser acompanhada de surtos adicionais;
  3. Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP): Caracteriza-se por uma progressão lenta e constante dos sintomas desde o início, sem surtos evidentes. É mais comum em pessoas diagnosticadas após os 40 anos.

 

O reconhecimento precoce do padrão clínico é essencial para definir o plano terapêutico mais adequado e monitorizar a evolução da doença com maior precisão.

 

 

O impacto da Esclerose Múltipla em Portugal

 

Estima-se que em Portugal mais de 8 mil pessoas vivam com Esclerose Múltipla, sendo a maioria diagnosticada entre os 20 e os 40 anos. A elevada incidência nesta faixa etária, sobretudo entre mulheres, acarreta implicações significativas tanto a nível pessoal como profissional, com impacto direto na produtividade, na estabilidade emocional e nas relações interpessoais.

Apesar dos avanços terapêuticos, persistem constrangimentos no acesso ao diagnóstico atempado e à continuidade de cuidados. A escassez de especialistas, as desigualdades regionais e a insuficiência de recursos para reabilitação continuam a comprometer a eficácia da resposta clínica.

A par das implicações físicas, a Esclerose Múltipla impõe uma carga emocional e económica considerável, que requer abordagens integradas de apoio psicológico, reintegração laboral e formação técnica contínua das equipas de saúde.

 

 

Diagnóstico e acompanhamento multidisciplinar

 

O diagnóstico da EM assenta numa avaliação clínica rigorosa, complementada por exames como a ressonância magnética, a punção lombar e os potenciais evocados. A complexidade da doença exige uma abordagem multidisciplinar coordenada, envolvendo neurologistas, enfermeiros especializados, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais.

Cada profissional desempenha um papel essencial: os enfermeiros asseguram a gestão dos sintomas e a educação terapêutica; os terapeutas ocupacionais trabalham a funcionalidade e a adaptação; os psicólogos intervêm na gestão emocional e no ajustamento à doença. Esta articulação reforça a continuidade de cuidados, melhora o prognóstico e contribui para a qualidade de vida da pessoa com Esclerose Múltipla.

 

 

Profissionais de saúde: intervenção técnica, mas humanizada!

 

O acompanhamento eficaz da pessoa com Esclerose Múltipla depende não apenas de conhecimento técnico, mas também de empatia, escuta ativa e compromisso ético. Psicólogos, enfermeiros e terapeutas são agentes fundamentais na mitigação do impacto psicológico da doença, na promoção da resiliência e na capacitação do doente para a autogestão da sua condição.

Os psicólogos têm um papel determinante na adaptação ao diagnóstico, no tratamento da depressão associada à perda de autonomia e na gestão da dor crónica. Os enfermeiros especializados monitorizam os sintomas, orientam os doentes quanto à terapêutica e facilitam a comunicação entre profissionais. Já os terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas garantem a preservação da funcionalidade e o planeamento de intervenções personalizadas.

 

 

Preparar Equipas para cuidar melhor

 

A abordagem à Esclerose Múltipla não se limita à resposta farmacológica. A evolução da prática clínica evidencia a necessidade de equipas devidamente capacitadas para uma intervenção coordenada, personalizada e sustentada em evidência científica. A complexidade da doença exige competências que integrem a avaliação neurológica, a gestão sintomática, a comunicação terapêutica e o suporte psicossocial, num quadro de atuação interdisciplinar.

Neste contexto, a formação contínua dos profissionais de saúde assume um papel estruturante. É através da atualização de conhecimentos, da aquisição de novas metodologias e da consolidação de práticas baseadas na evidência que se garante uma resposta clínica eficaz, ética e centrada no doente. Investir na qualificação técnica das equipas não é apenas uma opção estratégica — é um imperativo para a qualidade dos cuidados prestados.

 

 

Formação especializada CRIAP: capacitação para profissionais de saúde

 

A Esclerose Múltipla requer uma abordagem formativa altamente especializada. O Instituto CRIAP disponibiliza formações técnicas e práticas que fortalecem a intervenção clínica multidisciplinar, promovendo respostas qualificadas e adaptadas às necessidades dos doentes:

 

Especialização Avançada em Psicologia da Dor

Esta especialização aprofunda o contributo psicológico na gestão da dor em adultos e crianças. Aborda fatores psicossociais, estratégias de adesão terapêutica e intervenção em unidades de dor e cuidados paliativos

 

 

Curso em Terapia Ocupacional na Doença Neurológica

Nesta formação, os profissionais aprendem a avaliar e intervir em neurorreabilitação, integrando conhecimentos de neurociência, raciocínio clínico e metodologias como Bobath e PANat, com forte enfoque na prática.

 

 

Curso de Farmacologia de Urgência e Emergência para Enfermeiros

Este curso prepara para a administração segura de fármacos em situações críticas. Foca-se em contextos de emergência cardiovascular, trauma e intoxicação, com aplicação clínica imediata.

 

 

Curso de Gestão da Dor para Enfermeiros

A formação desenvolve competências para avaliar e controlar a dor em diferentes populações. Inclui estratégias farmacológicas, técnicas não invasivas e práticas centradas na pessoa, adaptadas a realidades clínicas diversas.

 

 

Curso de Homeopatia

Este curso aborda os princípios fundamentais desta abordagem terapêutica, como a lei dos semelhantes e a prescrição de medicamentos altamente diluídos. Promove uma prática segura e complementar ao modelo biomédico.

 

 

Curso de Eletroestimulação Para Idosos

O curso capacita os profissionais para utilizar esta técnica no controlo da dor geriátrica. Explora os fundamentos da eletroestimulação, parâmetros técnicos e aplicação em planos terapêuticos individualizados.