Será que nascemos com uma predisposição para o crime? Existe um perfil de personalidade tipicamente criminal? Ou será que o comportamento desviante é, sobretudo, uma resposta ao meio, às experiências e às circunstâncias de vida?
Entre explicações simplistas e ideias pré-concebidas, a ligação entre personalidade e comportamento criminal continua a ser um dos temas mais debatidos e frequentemente mal compreendidos.
Este artigo convida à desconstrução de mitos e à exploração crítica dos factos, com base no conhecimento científico atual, refletindo sobre o papel da personalidade, dos fatores sociais e das dinâmicas psicológicas na génese do comportamento criminal.
Preconceitos e estereótipos
O criminoso é muitas vezes retratado como alguém com “traços perturbadores”, “olhar frio” ou uma suposta ausência de empatia, numa tentativa de vincular diretamente a personalidade à ação delituosa. Esta abordagem redutora ignora, contudo, a complexidade do comportamento humano e a multiplicidade de fatores que influenciam a transgressão da norma.
Na realidade, muitas pessoas com traços de personalidade considerados “negativos” ou “antissociais” nunca comete um crime. E, por outro lado, indivíduos sem qualquer diagnóstico clínico podem envolver-se em atos ilícitos em resposta a contextos de pressão, exclusão, trauma ou necessidade.
Compreender a Personalidade
A personalidade não é, por si só, um destino. Trata-se de um conjunto relativamente estável de padrões de pensamento, emoção e comportamento que se manifesta nas interações com o mundo. Quando falamos de personalidade em contexto criminal, é essencial distinguir entre:
• Traços de personalidade, como impulsividade ou baixa tolerância à frustração, que podem funcionar como fatores de risco em determinadas circunstâncias;
• Fatores protetores, como empatia, autorregulação ou suporte social, que podem mediar e prevenir comportamentos desviantes.
Assim, compreender a personalidade é apenas uma parte da equação. As influências ambientais, sociais, económicas e familiares têm um peso igualmente determinante.
Fatores que Influenciam o Comportamento Criminal
O comportamento criminal é um fenómeno multifatorial, que resulta da interação entre predisposições individuais e condições externas. Entre os principais fatores de risco, destacam-se:
• Historial de abuso ou negligência na infância;
• Exclusão social e económica;
• Influência de pares e modelos disfuncionais;
• Fracasso escolar e falta de oportunidades;
• Consumo de substâncias psicoativas;
Estes fatores, combinados com traços de personalidade específicos, podem aumentar a probabilidade de envolvimento em comportamentos ilícitos – mas não determinam, por si só, uma trajetória criminal.
Webinário: Personalidade ou Comportamento Criminal – Mitos e Factos
• Dr. Carlos Filipe Saraiva, Psicólogo especialista em Psicologia da Justiça;
• Prof. Dr.ª Dulce Pires, especialista em Psicologia Clínica e Forense;
• Dr.ª Dália Costa, especialista em Criminologia e Reinserção Social.
O que pode esperar deste webinário?
Durante a sessão, serão abordados temas como:
• Comportamento criminal vs comportamento violento;
• Fatores condicionantes do comportamento criminal: biológicos, psicológicos e sociais;
• Vitimologia;
• Prognóstico para a reincidência
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