Os 5 principais mitos sobre transtornos alimentares

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Os 5 principais mitos sobre transtornos alimentares

Vivemos rodeados por imagens, mensagens e discursos que moldam, consciente ou inconscientemente, a nossa relação com o corpo e com a comida. Os transtornos alimentares continuam a ser um dos temas mais incompreendidos da saúde mental, muitas vezes distorcidos por ideias preconcebidas que, apesar de erradas, continuam a circular em contexto social, educativo e até profissional.

Neste artigo, propomos uma reflexão crítica sobre os 5 mitos mais comuns relacionados com os transtornos alimentares, desmitificando perceções simplistas e convidando à construção de um olhar mais atento, informado e empático.

 

 

Mito 1: “Transtornos alimentares só afetam mulheres jovens e magras”

 

É fácil associar estas condições a imagens mediáticas de adolescentes do sexo feminino com peso abaixo do normal. Contudo, essa imagem está longe de representar a diversidade de casos. Homens, adultos, pessoas mais velhas ou com corpos que não correspondem ao estereótipo visual da magreza extrema também podem desenvolver transtornos alimentares.

Ignorar esta diversidade pode significar não reconhecer sinais de alerta noutras pessoas, levando a atrasos na procura de ajuda.

 

 

Mito 2: “É só uma questão de força de vontade — é só comer (ou deixar de comer)”

 

Reduzir um transtorno alimentar a um problema de disciplina é uma simplificação perigosa. Estes quadros envolvem geralmente uma multiplicidade de fatores emocionais, psicológicos e sociais, sendo muitas vezes o reflexo de conflitos internos complexos.

É importante reconhecer que não se trata apenas de “decisões conscientes” ou de hábitos alimentares errados. Transtornos alimentares raramente têm soluções rápidas — e o julgamento social apenas contribui para o isolamento.

 

 

Mito 3: “Os transtornos alimentares resultam de vaidade ou de uma procura por atenção”

 

Esta ideia continua enraizada em muitos contextos e pode ser especialmente injusta. Embora a preocupação com a imagem corporal esteja presente em muitos casos, os transtornos alimentares não devem ser reduzidos a uma questão de vaidade. Para muitas pessoas, a alimentação e o controlo do corpo funcionam como mecanismos de defesa perante inseguranças profundas, ansiedade ou experiências adversas.

Tratar estes casos como “caprichos” apenas dificulta uma resposta adequada e empática.

 

 

Mito 4: “Se a pessoa estiver com peso normal, não pode ter um transtorno alimentar”

 

Este mito parte do erro comum de considerar o peso como único critério de avaliação. Há pessoas com transtornos alimentares que mantêm um peso considerado “normal” e, ainda assim, vivem com comportamentos altamente prejudiciais, como restrição alimentar, compulsão, vómitos induzidos ou exercício físico excessivo.

 

O foco exclusivo no peso pode ocultar sinais de sofrimento real — e desviar a atenção de outras manifestações clínicas e comportamentais.

 

 

Mito 5: “A recuperação acontece assim que a pessoa começa a comer normalmente”

 

A recuperação não é linear nem imediata. Mais do que alterar o comportamento alimentar, implica transformar a forma como a pessoa se vê, se relaciona com o corpo e gere as emoções. Pode envolver fases de recaída e exige frequentemente um percurso continuado de apoio, escuta e acompanhamento — seja ele clínico, familiar, educacional ou social.

Acreditar que tudo se resolve com uma refeição é não compreender a profundidade do problema.

 

 

Porque importa refletir (e falar) sobre estes mitos?

 

Os mitos podem tornar-se obstáculos reais à identificação precoce e ao acesso a apoio. Em contextos educativos, familiares, clínicos ou profissionais, é fundamental desmitificar ideias pré-concebidas que perpetuam o estigma e atrasam a intervenção.

 

Se trabalha com adolescentes, populações vulneráveis ou em áreas ligadas à saúde, psicologia ou educação, a formação especializada nesta área pode ser uma ferramenta essencial para reconhecer sinais, comunicar de forma mais eficaz e contribuir para um contexto de maior compreensão e empatia.

 

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