Saúde Mental nas Organizações: um desafio invisível que já ninguém pode ignorar

A saúde mental deixou de ser um tema periférico. É hoje um fator determinante para a sustentabilidade, a retenção de talento e o desempenho coletivo nas organizações. As consequências da sua desvalorização são visíveis: aumento do absentismo, diminuição do envolvimento das equipas, degradação do clima organizacional e perda de competitividade.

Num contexto global marcado pelo cansaço crónico, ansiedade no trabalho e crescimento silencioso do burnout, a promoção do bem-estar psicológico no local de trabalho é, cada vez mais, uma prioridade estratégica.

Impacto económico e humano: os números não enganam

De acordo com o relatório State of the Global Workplace 2024, da Gallup, os baixos níveis de envolvimento dos colaboradores e o agravamento do mal-estar psicológico custam à economia global cerca de 8,9 biliões de dólares por ano. Estes dados não representam apenas uma quebra de produtividade; são um sinal claro da falência emocional de muitas culturas organizacionais.

Em Portugal, a realidade segue a mesma tendência. O esgotamento profissional, a ansiedade laboral e os conflitos interpessoais no trabalho estão entre as principais causas de baixas prolongadas e de rotatividade voluntária. O impacto faz-se sentir tanto na saúde dos colaboradores como na reputação e resiliência das organizações.

Que desafios enfrentam hoje as organizações?

Apesar de uma crescente consciencialização, muitas empresas continuam a enfrentar barreiras estruturais e resistências culturais à promoção da saúde mental. Entre os principais desafios destacam-se:

• A perceção do bem-estar como responsabilidade individual e não organizacional;
• A inexistência de políticas claras de prevenção e resposta;
• Lideranças pouco preparadas para gerir emocionalmente as suas equipas;
• Ambientes de trabalho tóxicos, excessivamente competitivos ou emocionalmente negligentes.

Estes fatores, em conjunto, perpetuam um ciclo de desgaste, onde os profissionais se sentem isolados, desvalorizados ou incapazes de pedir apoio.

Boas práticas e o papel transformador das lideranças

Promover uma cultura organizacional saudável exige mais do que ações pontuais. Requer estratégia, investimento e alinhamento entre valores e práticas. Exemplos eficazes incluem programas internos de escuta ativa, formação em inteligência emocional para líderes, pausas estruturadas e políticas de flexibilidade real.

As lideranças assumem aqui um papel determinante: são elas que estabelecem o tom relacional, o espaço para o erro, o equilíbrio entre exigência e suporte, e a legitimidade para se falar abertamente sobre saúde mental - sem receios de estigmatização.

Da sensibilização à ação: competências que fazem a diferença

Reconhecer a importância da saúde mental é apenas o primeiro passo. É essencial saber como promovê-la de forma consistente no dia a dia das organizações. Para tal, importa desenvolver competências específicas, tais como:

1. Comunicação empática e eficaz;
2. Gestão emocional em contexto de pressão;
3. Criação de ambientes psicologicamente seguros;
4. Observação de sinais precoces de mal-estar.

Estas competências devem ser trabalhadas de forma contínua, com supervisão e integração na política de recursos humanos.

Um momento para repensar a cultura de bem-estar

Com o objetivo de aprofundar esta temática com base científica e reflexão crítica, o Instituto CRIAP promove o webinar “Saúde Mental nas Organizações: Um Desafio Atual, Uma Prioridade Estratégica”, com a participação da Dr.ª Ana Ferreira - psicóloga clínica, docente na área da felicidade organizacional e formadora com vasta experiência na área da saúde emocional e neuropsicologia.

Durante a sessão serão abordados:

• As implicações da saúde mental no desempenho e clima organizacional;
• Tendências globais e indicadores atualizados;
• Barreiras comuns e fatores de risco no local de trabalho;
• Estratégias e iniciativas eficazes implementadas em organizações de diferentes setores;
• O papel das lideranças na criação de culturas emocionalmente sustentáveis.

Um momento essencial para psicólogos, responsáveis de recursos humanos, gestores e todos os profissionais que integram ou lideram equipas e que acreditam que o sucesso começa por cuidar das pessoas.

Formação recomendada: preparar-se para transformar organizações

Para os profissionais que desejam atuar de forma técnica e estratégica na promoção da saúde e bem-estar nas organizações, a Especialização Avançada em Psicologia do Trabalho oferece uma formação aprofundada nas dinâmicas que moldam o comportamento organizacional, o clima emocional e a performance sustentável.

Esta formação destina-se a psicólogos e finalistas da área que pretendam intervir em contextos laborais com rigor científico e impacto real. Ao longo do curso, os participantes desenvolvem competências em avaliação de riscos psicossociais, promoção do bem-estar no trabalho, desenvolvimento organizacional e gestão da mudança, numa abordagem prática, ética e orientada para resultados.