Primeiros Socorros: como agir em situações de emergência

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Primeiros Socorros: como agir em situações de emergência

Saiba como atuar em situações de emergência. Este artigo explica os princípios dos primeiros socorros, os erros mais comuns e a importância da formação contínua para profissionais de saúde e outros contextos de risco.

A capacidade de atuar corretamente nos primeiros minutos de uma emergência é determinante para o prognóstico da vítima. A formação em primeiros socorros constitui, por isso, uma competência transversal, indispensável a profissionais de saúde, técnicos de emergência e colaboradores de instituições públicas e privadas.

 

Mais do que um conjunto de técnicas, os primeiros socorros representam uma prática de prevenção, avaliação e resposta estruturada, que visa estabilizar o estado clínico da vítima até à chegada de ajuda especializada. O conhecimento atualizado e a aplicação rigorosa dos protocolos são fatores críticos para reduzir a mortalidade e as sequelas associadas a eventos súbitos.

 

 

Relevância dos primeiros socorros na prática profissional

 

Em Portugal, estima-se que cerca de 10mil pessoas morram anualmente por paragem cardiorrespiratória, sendo a maioria dos casos extra-hospitalar. Estudos internacionais demonstram que o início precoce das manobras de suporte básico de vida pode duplicar ou triplicar a taxa de sobrevivência.

 

Nos contextos clínicos, escolares, empresariais ou comunitários, a existência de profissionais capacitados para agir em situações críticas é uma exigência de segurança e qualidade.

 

A competência em primeiros socorros traduz-se, assim, numa responsabilidade profissional e num dever ético de cuidado, que exige autocontrolo, método e atualização contínua.

 

 

Avaliar, proteger e agir: estrutura de resposta em emergência

 

A sequência “avaliar, proteger e agir” constitui o princípio operativo dos primeiros socorros e orienta a tomada de decisão em qualquer situação crítica:

 

  • Avaliar o ambiente: identificar riscos no local (fogo, trânsito, eletricidade, instabilidade estrutural) e garantir que o socorrista não se torna uma segunda vítima;
  • Proteger: assegurar a segurança da vítima e das pessoas envolvidas, evitando movimentos desnecessários e controlando o perímetro da ocorrência;
  • Agir: aplicar as medidas adequadas à situação, solicitar assistência especializada e manter vigilância clínica até à chegada de meios de emergência.

 

Esta metodologia sistematiza a intervenção, minimiza o erro e aumenta a eficácia global da resposta.

 

 

Emergências mais frequentes e resposta adequada

 

As emergências médicas mais comuns em ambiente comunitário ou profissional incluem paragem cardiorrespiratória, enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, síncope, engasgamento, hemorragias e queimaduras.

 

O reconhecimento precoce dos sinais clínicos é essencial para acionar protocolos de emergência e reduzir danos.

Entre as principais orientações:

 

  • Paragem cardiorrespiratória: iniciar manobras de suporte básico de vida, garantindo compressões torácicas contínuas e uso de desfibrilhador automático externo (DAE), quando disponível;
  • AVC: observar assimetria facial, alteração da fala ou perda súbita de força e contactar imediatamente o INEM;
  • Engasgamento: aplicar a manobra de Heimlich em casos de obstrução total das vias respiratórias;
  • Hemorragias: exercer compressão direta sobre a ferida, evitando torniquetes desnecessários;
  • Queimaduras: remover a fonte de calor e arrefecer com água corrente; não aplicar substâncias caseiras;
  • Síncope: verificar consciência e respiração, posicionar lateralmente se inconsciente e acionar meios de emergência.

 

A intervenção deve sempre respeitar os limites de atuação do profissional, evitando manobras invasivas não autorizadas ou potencialmente danosas.

 

 

Equipamento essencial: o kit de primeiros socorros

 

A existência de um kit de primeiros socorros acessível e atualizado é um requisito básico de segurança em qualquer instituição. O conteúdo deve ser adaptado ao contexto, mas, em geral, deve incluir:

 

  1. Luvas descartáveis e compressas estéreis;
  2. Ligaduras, adesivos e fita microporosa;
  3. Tesoura, pinça e manta térmica;
  4. Soro fisiológico e antisséptico;
  5. Máscara de reanimação;
  6. Material para imobilização simples;
  7. Analgésicos e anti-histamínicos (quando autorizados).

 

Mais importante do que dispor do material é garantir que os profissionais sabem utilizá-lo corretamente. A eficácia de um kit depende diretamente da formação e do treino dos intervenientes.

 

 

Erros e práticas incorretas em primeiros socorros

 

Apesar do acesso crescente à informação, persistem erros frequentes que comprometem a segurança das vítimas. Entre os mais comuns encontram-se:

 

  • Aplicação de manteiga, pasta de dentes ou gelo em queimaduras;
  • Administração de líquidos a pessoas inconscientes;
  • Movimentação indevida de vítimas com suspeita de trauma;
  • Retirada manual de objetos cravados em feridas;
  • Falta de verificação da segurança do local antes da intervenção.

 

Estas ações, muitas vezes bem-intencionadas, agravam lesões e atrasam a intervenção adequada.

A atualização de competências e a divulgação de protocolos baseados em evidência científica são essenciais para eliminar práticas empíricas e promover uma cultura de resposta informada e segura.

 

 

Componente Humana: Gestão Emocional e Comunicação

 

Em contextos de emergência, a competência técnica deve ser acompanhada de controlo emocional e comunicação eficaz. A capacidade de manter a calma, emitir instruções claras e coordenar esforços é determinante para o sucesso da intervenção.

 

O profissional que transmite segurança facilita a cooperação das pessoas presentes e reduz o pânico no local. A clareza, o tom assertivo e a organização da equipa aumentam a eficiência e diminuem o risco de erros.

 

A gestão emocional é uma competência que pode, e deve, ser desenvolvida. A exposição a simulações realistas e o treino interprofissional contribuem para preparar os profissionais para atuar sob pressão.

 

 

Formação contínua recomendada:

 

A formação em primeiros socorros deve ser regular, certificada e adaptada à realidade profissional.

 

Sessões práticas de suporte básico de vida, treino em desfibrilhação automática externa (DAE) e simulações de incidentes críticos são essenciais para consolidar competências.

 

As instituições devem promover planos de formação contínua e garantir que as suas equipas conhecem os protocolos nacionais e internacionais - nomeadamente as recomendações do European Resuscitation Council (ERC) e da Direção-Geral da Saúde (DGS).

 

Além do domínio técnico, é importante desenvolver uma cultura de prevenção. Ter um plano de emergência atualizado, sinalização adequada e colaboradores treinados são medidas que reduzem significativamente o risco e a gravidade dos incidentes.

 

Webinário “Primeiros Socorros: Como Agir em Situações de Emergência”

 

Com o objetivo de reforçar estas competências, o Instituto CRIAP promove o Webinário “Primeiros Socorros: Como Agir em Situações de Emergência”, conduzido pela Enf.ª Ana Lacerda Ferreira, profissional com mais de 15 anos de experiência nas áreas de urgência, neurologia e traumatologia.

 

A sessão apresenta uma abordagem prática, centrada em situações reais, análise de erros frequentes e atualização de procedimentos, fornecendo aos participantes ferramentas imediatas para atuar com segurança e eficácia em contextos críticos.

 

O formato interativo permite consolidar conhecimento técnico e promover uma resposta coordenada, alinhada com as boas práticas internacionais.

 

Formação Avançada em Contexto de Urgência e Emergência

 

Para profissionais que desejem aprofundar as suas competências, o Curso de Farmacologia de Urgência e Emergência para Enfermeiros, também promovido pelo Instituto CRIAP, oferece um enquadramento técnico especializado.

 

A formação abrange os fundamentos da farmacologia em situações críticas, incluindo administração segura de fármacos, monitorização de efeitos adversos e integração terapêutica em protocolos de emergência.

 

Este curso visa não apenas a atualização de conhecimentos, mas o desenvolvimento de autonomia clínica e pensamento crítico, preparando os profissionais para uma atuação rigorosa e segura em contextos de elevada exigência.