Dia Mundial da Prevenção do Suicídio

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Dia Mundial da Prevenção do Suicídio

Dia Mundial da Prevenção do Suicídio: conheça o panorama atual em Portugal, os fatores de risco e as estratégias de intervenção psicológica. Saiba como se especializar em avaliação, prevenção e pósvenção em suicídio.

A cada 40 segundos, em algum lugar do mundo, alguém decide pôr termo à própria vida. O dado, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), expõe a dimensão de uma tragédia silenciosa, que atravessa fronteiras, desestabiliza famílias e fragiliza comunidades inteiras.

 

O Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, assinalado a 10 de setembro, relembra-nos que esta realidade não é inevitável: pode e deve ser combatida. Ainda assim, apenas uma fração reduzida dos países implementou estratégias estruturadas de prevenção, o que acentua a urgência de uma ação concertada.

 

Entre os jovens dos 15 aos 29 anos, o suicídio figura entre as principais causas de morte. Embora a maioria absoluta ocorra em países de baixo e médio rendimento, são nos países desenvolvidos (sobretudo entre os homens) que se observam as taxas proporcionais mais elevadas.

 

A prevenção é possível e assenta em medidas de eficácia comprovada: restrição do acesso a meios letais, comunicação pública responsável e acompanhamento continuado das pessoas em risco. Não se trata, porém, de uma questão teórica, mas de uma prioridade de saúde pública que requer mobilização coletiva: desde os profissionais de saúde e psicologia até às redes comunitárias.

 

 

O suicídio em Portugal

 

Em Portugal, o suicídio mantém-se como um desafio significativo. Em 2021, registaram-se 8,9 suicídios por 100 000 habitantes, equivalentes a cerca de três mortes por dia. Apesar de uma descida ligeira nos últimos anos, os números continuam acima de outros países do sul da União Europeia.

 

As taxas mais elevadas encontram-se no Alentejo (12,8%) e no Algarve (12,0%), seguidas pelo Centro (9,6%), Lisboa (8,4%) e Norte (7,6%). O fenómeno atinge sobretudo homens em contextos rurais e em idades mais avançadas.

 

No que respeita aos métodos o estrangulamento/enforcamento representa mais de metade dos casos (50,7%), seguido por armas de fogo (9,3%) e ingestão de substâncias tóxicas (9,2%). Entre os jovens, cerca de 24,6% dos adolescentes portugueses declararam ter praticado auto-agressões no último ano, sinalizando uma vulnerabilidade crescente.

 

A subnotificação constitui um problema adicional: muitas mortes são classificadas como acidentes ou de causa indeterminada, o que significa que os números oficiais podem ocultar uma realidade ainda mais grave.

 

 

Os sinais de alarme para o suicídio

 

Reconhecer os sinais de risco é essencial para prevenir o suicídio. Mais do que manifestações isoladas, eles compõem frequentemente um quadro de mudanças verbais, emocionais, comportamentais e contextuais.

 

  • Sinais verbais: desde declarações explícitas (“quero morrer”) até expressões subtis (“em breve já não vos incomodo”).
  • Alterações comportamentais: isolamento, despedidas inesperadas, oferta de bens pessoais de valor, desleixo nos cuidados básicos, abuso de substâncias, comportamentos de risco.
  • Indicadores emocionais: desespero, sentimentos de inutilidade, culpa persistente, oscilações emocionais intensas, fadiga extrema.
  • Histórico e contexto: tentativas anteriores, diagnósticos de perturbações mentais, perdas recentes (familiares, relacionais, laborais), acesso facilitado a meios letais.

 

A capacidade de reconhecer estes sinais exige atenção ao detalhe, escuta ativa e ausência de julgamentos.

 

 

Quais são os principais fatores que aumentam o risco de suicídio?

 

O risco suicida não se esgota num diagnóstico clínico. Resulta, em grande parte, da interação entre dimensões biológicas, psicológicas, sociais e culturais:

 

  1. Biológicos: défices na regulação da serotonina, antecedentes familiares de suicídio, doenças neurológicas crónicas.
  2. Psicológicos: perturbações depressivas e ansiosas, traumas precoces, consumo de substâncias, impulsividade, desesperança.
  3. Sociais: isolamento, desemprego prolongado, pobreza estrutural, ausência de redes de apoio.
  4. Culturais: estigma na procura de ajuda, tabus em torno da saúde mental, acesso facilitado a meios letais.

 

É, pois, a confluência destes fatores que precipita a crise suicida, tornando imprescindível uma intervenção integrada e multidisciplinar.

 

 

A Importância da avaliação clínica

 

Qualquer plano de prevenção exige avaliação clínica rigorosa. O processo deve ser sistemático, considerando ideação, planeamento, historial de tentativas, acesso a meios letais e fatores de resiliência.

 

Mais do que recolha de dados, trata-se de estabelecer uma aliança terapêutica capaz de gerar confiança e segurança. Para além das escalas de risco, a entrevista clínica e a observação direta continuam a ser ferramentas indispensáveis para captar subtilezas emocionais que escapam a protocolos rígidos.

 

 

O papel das equipas multidisciplinares

 

O risco suicida não se esgota num diagnóstico clínico. Resulta, em grande parte, da interação entre dimensões biológicas, psicológicas, sociais e culturais:

 

  • Biológicos: défices na regulação da serotonina, antecedentes familiares de suicídio, doenças neurológicas crónicas.
  • Psicológicos: perturbações depressivas e ansiosas, traumas precoces, consumo de substâncias, impulsividade, desesperança.
  • Sociais: isolamento, desemprego prolongado, pobreza estrutural, ausência de redes de apoio.
  • Culturais: estigma na procura de ajuda, tabus em torno da saúde mental, acesso facilitado a meios letais.

 

É, pois, a confluência destes fatores que precipita a crise suicida, tornando imprescindível uma intervenção integrada e multidisciplinar.

 

 

Estratégias de intervenção Psicológica

 

Entre as abordagens com eficácia comprovada destacam-se:

 

  1. Entrevista motivacional: explora valores pessoais e reduz ambivalências, reforçando a ligação à vida.
  2. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): identifica e corrige padrões de pensamento disfuncionais, prevenindo recaídas.
  3. Intervenção em crise: estabilização imediata, redução de acesso a meios letais, elaboração de planos de segurança individualizados.

 

A eficácia destas estratégias depende da adaptação ao contexto, às características individuais e à fase da crise.

 

 

O luto em caso de suicídio

 

O luto por suicídio distingue-se pela intensidade e complexidade emocional. Sentimentos de culpa, vergonha, estigmatização e abandono são frequentes, exigindo uma abordagem clínica diferenciada.

 

O psicólogo assume aqui um papel central:

 

  • Criar espaços seguros de expressão emocional;
  • Promover grupos de apoio para sobreviventes;
  • Intervir em luto traumático, prevenindo repercussões prolongadas.

 

Reconhecer estas especificidades é essencial para apoiar adequadamente os sobreviventes e evitar sequelas psicológicas duradouras.

 

O suicídio não é inevitável. É um fenómeno complexo, mas prevenível. Investir em literacia em saúde mental, em formação especializada e em equipas multidisciplinares é o caminho para reduzir o risco e restaurar dignidade, esperança e sentido à vida.

 

 

Formações especializadas para ajudar na prevenção do suicídio:

 

Especialização Avançada em Suicídio e Comportamentos Autolesivos

 

Esta Especialização oferece uma visão abrangente sobre a suicidologia, integrando fatores de risco, estratégias de prevenção, intervenção e pósvenção, com foco em contextos clínicos e comunitários.

 

Curso em Intervenção Psicológica no Suicídio

 

Este Curso capacita profissionais para avaliar o risco suicida, desenvolver alianças terapêuticas sólidas e implementar planos de pósvenção em diferentes contextos.

 

Workshop em Intervenção Psicológica no Luto por Suicídio

 

Este Workshop aprofunda as especificidades do luto por suicídio, explorando técnicas de intervenção individual e grupal junto de familiares e amigos sobreviventes.