Dia Mundial do Gato: o papel dos animais na promoção da saúde mental

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Dia Mundial do Gato: o papel dos animais na promoção da saúde mental

No Dia Mundial do Gato, descubra como estes animais contribuem para a saúde mental, o desenvolvimento emocional e a intervenção terapêutica.

O Dia Mundial do Gato, assinalado a 8 de agosto, é uma oportunidade de reconhecer o impacto que os animais de estimação têm na saúde mental.

Longe de ser apenas uma celebração simbólica, esta data convida-nos a olhar com mais atenção para o valor terapêutico da presença animal no quotidiano de milhares de pessoas.

 

 

O poder “curativo” dos animais

 

A interação com animais contribui para aliviar sintomas como ansiedade, depressão e stress, favorecendo a regulação emocional e promovendo uma maior sensação de bem-estar. Os gatos, em particular, pela sua natureza tranquila e previsível, oferecem estabilidade emocional e reforçam rotinas em contextos de isolamento ou fragilidade psicológica.

Este tipo de vínculo, simples, mas profundo, é cada vez mais reconhecido em contextos clínicos, educativos e sociais. As intervenções assistidas por animais ganham espaço como recurso complementar no apoio à saúde mental, nomeadamente em populações vulneráveis, como idosos, pessoas com perturbações do espectro do autismo ou em recuperação de trauma.

Valorizar esta dimensão é integrar uma visão mais ampla e responsiva da saúde mental: onde o cuidado pode também vir de quem não fala, mas cuida.

 

 

O benefício da convivência com gatos

 

A convivência com gatos tem vindo a ser estudada com crescente atenção pelas áreas da Psicologia e das Neurociências. O estudo realizado pela Human Animal Bond Reasearch Institute, mostra como a interação regular com animais produz benefícios mensuráveis na saúde mental e emocional.

Foram identificados benefícios como:

 

  • Redução dos níveis de cortisol, a hormona associada ao stress;
  • Aumento da ocitocina, substância ligada às sensações de segurança, confiança e afeto;
  • Diminuição da perceção de solidão, especialmente em pessoas idosas ou em situação de sofrimento psicológico;
  • Melhoria da regulação emocional, com particular relevância em quadros de ansiedade ou perturbações do humor:
  • Atenuação de sintomas depressivos e de estados fóbicos;
  • Promoção da estabilidade emocional em crianças, com impacto positivo na empatia e na capacidade de autorregulação.

 

Estes efeitos não são meramente emocionais. Têm expressão neurológica e fisiológica e reforçam a importância dos animais de estimação como aliados no cuidado da saúde mental.

 

 

Da presença voluntária à intervenção estruturada: Terapia Assistida por Animais

 

Para além da convivência informal, os animais podem integrar intervenções clínicas, educativas ou sociais através da Terapia Assistida por Animais. Esta abordagem, cuidadosamente estruturada, é orientada por objetivos terapêuticos definidos, nos quais o animal (incluindo o gato) atua como elemento facilitador da relação, da comunicação e da mudança emocional.

Em contextos como saúde mental, educação especial, reabilitação ou vulnerabilidade social, a presença do animal promove a motivação, apoia a autorregulação emocional e estimula formas mais eficazes de comunicação interpessoal.

Para garantir benefícios duradouros e proteger o bem-estar de todos os envolvidos, a Terapia Assistida por Animais exige formação técnica específica, supervisão contínua e um enquadramento ético e legal rigoroso.

 

 

Como os gatos contribuem para o desenvolvimento emocional das crianças

 

A literatura tem vindo a evidenciar que crianças que crescem em contacto com animais desenvolvem, de forma mais consistente, competências como empatia, respeito pelo outro e capacidade de autorregulação.

Em contextos educativos e clínicos, os gatos funcionam como mediadores silenciosos. A sua presença não intrusiva cria ambientes emocionalmente seguros, desbloqueia formas de comunicação não-verbal e favorece a construção de vínculos afetivos genuínos. Estes efeitos são particularmente relevantes em situações de perturbações do neurodesenvolvimento, vivências traumáticas ou contextos familiares disfuncionais.

 

 

Ética e responsabilidade: o papel do profissional

 

O uso de animais em intervenções profissionais requer mais do que boa vontade ou sensibilidade. Exige conhecimento técnico, compromisso ético e respeito pela legislação em vigor.

Cabe ao profissional:

 

  1. Assegurar o bem-estar do animal, reconhecendo sinais de desconforto e respeitando os seus limites;
  2. Garantir que as práticas são seguras, baseadas em evidência e supervisionadas;
  3. Conhecer o enquadramento legal aplicável, incluindo os direitos dos animais e as obrigações de quem os integra em contexto profissional;
  4. Investir em formação especializada, capaz de traduzir conhecimento em prática competente;

 

A ausência de formação adequada pode comprometer não só a eficácia da intervenção, mas também o bem-estar físico e emocional dos envolvidos — humanos e não humanos.

 

Educar para respeitar: o reflexo coletivo da empatia animal

 

Promover o bem-estar dos animais é também educar para uma sociedade mais empática, cooperante e emocionalmente inteligente. A empatia interespécies reflete-se no modo como cuidamos uns dos outros.

Campanhas de adoção responsável, ações pedagógicas em contexto escolar e formações dirigidas a profissionais são estratégias que cultivam uma cultura de respeito e responsabilidade, com efeitos positivos no tecido social. Comunidades que cuidam melhor dos seus animais tendem a ser mais justas, seguras e emocionalmente saudáveis.

Assinalar o Dia Mundial do Gato é reconhecer mais do que um animal de estimação. É aceitar o valor terapêutico de uma presença discreta, o impacto emocional de um vínculo silencioso e o potencial transformador de um ser que não fala, mas comunica.

Na saúde mental, nem sempre é a palavra que cura. Muitas vezes, é a presença. E por vezes, essa presença caminha suavemente sobre quatro patas.

 

Conheça a oferta formativa do Instituto CRIAP

 

Para quem deseja aprofundar este cruzamento entre saúde mental, direito e intervenção assistida por animais, deixamos três propostas formativas.

 

Especialização Avançada em Terapia Assistida por Animais

 

Esta especialização oferece uma formação completa sobre a utilização terapêutica de animais em contextos clínicos, educativos e sociais. Através de uma abordagem teórico-prática, o curso aborda os fundamentos científicos, éticos e legais das Intervenções Assistidas por Animais, com destaque para a atuação com cães, cavalos e outros animais.

 

Especialização Avançada em Intervenção Multidisciplinar em Saúde Mental

 

Esta especialização oferece uma visão integrada e prática dos principais desafios e respostas na área, com foco na realidade portuguesa. Aborda desde a organização dos serviços de saúde mental até às perturbações mais comuns e graves, incluindo ansiedade, depressão, psicose e demência.

 

Curso em Direito Animal

 

Este curso explora o enquadramento legal da proteção animal em Portugal, abordando os direitos fundamentais, o estatuto jurídico dos animais e as competências das entidades públicas e autarquias. São analisadas questões como a constitucionalidade do crime de maus-tratos, os direitos dos animais no direito da família, os deveres legais dos detentores, e a gestão urbana de animais de estimação, assistência, tração ou selvagens.

 

Workshop em Luto por Animal de Estimação

 

Este workshop explora as especificidades do processo de luto associado à perda de um animal de estimação, reconhecendo o impacto emocional profundo que esta vivência pode gerar ao longo do ciclo da vida. São abordados temas como o risco de luto patológico, as particularidades da ligação humano-animal, e estratégias de intervenção psicológica adequadas. A sessão inclui ainda análise de casos práticos, promovendo uma abordagem sensível, ética e tecnicamente fundamentada.