Mulheres na Psicologia: Os nomes que mudaram a

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Mulheres na Psicologia: Os nomes que mudaram a história

As Mulheres na Psicologia tiveram um papel importantíssimo no seu desenvolvimento e crescimento ao longo da história

O papel das mulheres na psicologia é expressivo. Diversas profissionais de nações distintas dedicaram anos de suas vidas aos estudos da mente humana, expandindo teorias existentes ou criando as suas próprias com base em experimentos e análises.

Já outras precisaram de lutar contra o preconceito racial para conseguirem desenvolver e aplicar os seus estudos da psique humana.

 

 

Mulheres na Psicologia - Os principais contributos

 

 

1. Anna Freud (1895 – 1982)

 

Anna Freud, pedagoga de formação, exerceu essa profissão nos anos de 1914 a 1920. E por um curto período de tempo foi professora infantil, e logo se juntou ao circulo de discípulos de Freud, e então tornou-se Psicanalista, com o seu tratamento voltado para crianças, sendo a pioneira nesta área, e estabeleceu clínicas e berçários para crianças que eram vitimas da guerra, sobreviventes do holocausto.

Na área da analise infantil Anna Freud aprofundou-se definitivamente nos anos de 1926 e 1927, com o seu livro, O tratamento psicanalítico de crianças, considerada sua obra principal. Mesmo deslocando-se da pratica pedagógica para a analítica, Anna Freud continuou a dar importância para a observação direta do comportamento, entretanto passando a ser o tratamento com crianças. Contribuiu com um repertório extenso de artigos científicos e livros sobre temáticas variadas, como sonhos (um dos objetos de estudo prediletos do pai), psicologia infantil, desenvolvimento psíquico durante a puberdade e Ego.

 

 

2. Mary Ainsworth (1913 – 1999)

 

Mary Ainsworth foi uma psicóloga canadense que, junto com John Bowlby, desenvolveu uma das teorias psicológicas que mais ajudaram a compreender o desenvolvimento social inicial: a teoria do apego.

Esta teoria foi, a princípio, formulada focada nas crianças. No entanto, Ainsworth, nos anos 60 e 70, introduziu novos conceitos que, nos anos 80, causariam uma ampliação focada nos adultos. Graças à sua pesquisa, Mary descobriu os níveis de apego que crianças podem estabelecer com seus pais ou cuidadores. Ela categorizou as suas descobertas em três estilos de afeto: seguro, evitativo e ambivalente ou resistente.

 

 

3. Mary Whiton Calkins (1863 – 1930)

 

Em 1885, formou-se pelo Smith College e, em 1887, começou a lecionar Grego, como tutora, no Wellesley College, onde permaneceu até ao final da sua carreira docente. Após três anos no Departamento de Grego, um docente do Departamento de Filosofia, reconhecendo o seu talento para lecionar e dada a necessidade de um professor na área da psicologia, aconselhou-a a seguir um programa experimental de psicologia. Mary Calkins foi admitida no Laboratório de Psicologia da Universidade de Harvard (onde a entrada de estudantes mulheres era proibida), após terem sido apresentadas, a seu favor, petições do Presidente do Wellesley College e de seu pai, um ministro presbiteriano importante. Mary Calkins, sob a orientação de William James, apresentou um trabalho doutoral à Universidade de Harvard, mas esta recusou-se, várias vezes, a atribuir-lhe o doutoramento, simplesmente por ser mulher. Para ela, os sonhos frequentemente se assemelhavam aos pensamentos cultivados ao longo do dia. Múltiplos pontos da sua pesquisa se contrapuseram as teorias do sonho de Freud, que acreditava que esse fenômeno era resultado de conflitos emocionais ainda não resolvidos.

 

 

4. Leta Hollingworth (1886 – 1939)

 

Pioneira na psicologia americana, Leta Hollingworth dividiu os seus estudos em duas áreas: inteligência e crianças superdotadas, e psicologia feminina. Leta desafiou conceções da época que classificavam as mulheres como inferiores aos homens.

As suas pesquisas revelaram que os hospitais psiquiátricos atendiam mais pacientes homens que mulheres, pois a saúde mental da população feminina era tratada com descaso. Além disso, Leta desmistificou a noção que a menstruação deixava as mulheres “semi-inválidas”.

Por um período de três meses, ela analisou como 23 mulheres e dois homens executavam uma variedade de tarefas. O seu objetivo era identificar a oscilação das habilidades mentais e motoras ao longo da experiência. O resultado não mostrou diferença na performance das mulheres durante o ciclo menstrual.

 

 

5. Melanie Klein (1882 – 1960)

 

Psicanalista austríaca, é referenciada como a responsável por lançar as bases e desenvolver a técnica da análise de crianças. De fato, essa menção não é equivocada, porém, não faz jus à sua obra.

A sua experiência com crianças possibilitou ampliar o campo da clínica psicanalítica para áreas tidas, por Freud, como inacessíveis ao tratamento: pacientes psicóticos, autistas e borderline. Mas a austríaca trouxe também um novo estilo de trabalho para o atendimento de pacientes neuróticos adultos. Ou seja, todo o campo foi transformado.

No livro "Folha Explica - Melanie Klein", outros detalhes sobre a vida e a produção científica da psicanalista são abordados. Os autores Luís Claudio Figueiredo e Elisa Maria de Ulhôa Cintra, psicanalistas e professores acadêmicos, expõem didaticamente as ideias kleinianas, salientando sua importância para o movimento psicanalítico. De acordo com os autores, a austríaca é a única dos grandes pensadores que jamais teve uma vida acadêmica de base. Ela não foi médica, psicóloga nem linguista. Foi sempre uma pesquisadora autodidata.

 

 

6. Karen Horney (1885 – 1952)

 

Karen Horney Blankenese foi uma psicanalista alemã cujas teorias questionavam certas conceções tradicionais freudianas. Por isso, suas contribuições para a psicologia são consideradas neo-freudianas. Ela discordava das diferenças entre a psicologia de homens e de mulheres propostas por Freud. Segundo ela, essas distinções possuíam grandes influências sociais e culturais, além de biológicas.

Karen também contribuiu para o estudo das neuroses. A sua teoria é amplamente utilizada na atualidade. Ela sugere que as neuroses resultam da ansiedade, a qual, por sua vez, é originada das relações interpessoais.

 

 

7. Inez Beverly Prosser (1987 – 1934)

 

Prosser avaliou os efeitos da desigualdade racial na saúde mental de crianças afro-americanas em sua dissertação, “O Desenvolvimento Não Acadêmico de Crianças Negras em Escolas Mistas e Segregadas”. Ela acreditava que os aspetos sociais da integração podem ter efeitos prejudiciais sobre as crianças afro-americanas auto estima, enquanto as escolas segregadas proporcionavam um ambiente mais favorável e estimulante. Ela argumentou que a desigualdade persistente levou a sentimentos de isolamento e baixo status socioeconômico e que o futuro das crianças e as oportunidades de aprendizagem eram persistentemente limitados por racismo. Ela reconheceu, no entanto, que esse argumento não era uma verdade absoluta e que certos tipos de personalidade podem prosperar em escolas integradas.

 

 

8. Nise da Silveira (1905 – 1999)

 

Embora Nise da Silveira fosse formada em psiquiatria, ela colaborou significativamente para a psicologia brasileira numa época dominada por tratamentos agressivos e desrespeito com pacientes de transtornos mentias.

Ela opôs-se a métodos que julgava inapropriados, como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, camisas de força e lobotomia. Então, implementou técnicas lúdicas no tratamento de pacientes esquizofrênicos, permitindo que se expressassem através da pintura e do desenho. Nise posteriormente reuniu os trabalhos no Museu de Imagens do Inconsciente, recebendo destaque internacional. Em 1957, os quadros dos pacientes foram expostos no II Congresso Internacional de Psiquiatra, numa exposição inaugurada por Carl Jung, um dos maiores estudiosos da psique humana. 

Nise via o valor de tratamentos terapêuticos aliados à psiquiatria. Por isso, introduziu também a interação com animais domésticos no tratamento de transtornos mentais. Os pacientes cuidavam dos cachorros que habitavam no pátio do hospital.

Para conhecer o trabalho de Nise, recomendamos o excelente filme “Nise: O coração da Loucura”.

 

 

9. Annita de Castillo e Marcondes Cabral (1911 – 1991)

 

Idealizador e fundadora do Curso de Psicologia na USP, proposto para a Congregação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em 1953, foi responsável pela formação dos seus alunos como pesquisadores, incentivando-os a ir para o exterior com a finalidade de completarem sua formação. O curso começou a ser desenhado com a criação de linhas de pesquisa na Cadeira de Psicologia da Seção de Filosofia, o que se deu em um ambiente hostil, pois era uma mulher a chefiar o grupo de pesquisa e pelo fato de a Cadeira de Psicologia pertencer ao Curso de Filosofia cujas disciplinas não possuíam um perfil nos moldes da ciência de então. O parecer favorável foi dado em 16 de dezembro do mesmo ano.

Mas a criação efetiva do curso deu-se apenas em 1957, Lei nº 3.862, de 28 de maio daquele ano. O curso possuía as cadeiras de Psicologia Educacional (Curso de pedagogia) e de Psicologia (Curso de Filosofia), sendo que esta se desdobrou em Psicologia Clínica e Psicologia Experimental e Social. Durante a década de 1950, Annita realizou várias atividades como a organização do I Congresso Brasileiro de Psicologia, ocorrido em 1953. Participou em associações como a American Sociological Association, em 1950 e a Sociedade Interamericana de Psicologia em 1954.

 

 

 

 

A participação extensa e significativa das mulheres na psicologia ajudou a moldar o conhecimento da psique humana e a possibilitar o atendimento clínico conhecido hoje. A Ciência da Psicologia, foi evoluindo e adaptando-se a novas modalidades e ideias, e muitas delas vieram de lutas constantes por homens e mulheres, mas sobretudo por estas 9 mulheres descritas em cima alavancaram todo o processo de desenvolvimento.                       


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