Psicologia Aeronáutica

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Psicologia Aeronáutica

A Psicologia da Aviação é uma área que envolve o estudo da interação entre seres humanos e sistemas aeronáuticos, visando garantir a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos na aviação.

 

Psicologia da Aviação - Enquadramento Histórico

 

O fascínio pelo voo tem tomado conta do imaginário humano desde há vários séculos. Desde então, o Homem tem encetado esforços para vencer a gravidade e elevar-se nos céus, pagando, frequentemente, o derradeiro preço pela audácia. O pioneirismo dos irmãos Montgolfier ou dos irmãos Wright, marcou o início da conquista do ar. Desde o primeiro voo tripulado, em dezembro de 1903, a aviação tem sido impulsionada pela curiosidade e pela ciência, sendo quase inacreditáveis os avanços tecnológicos que a têm caracterizado desde o seu surgimento há pouco mais de um século.

 

 

Psicologia Aeronáutica e as suas Origens

 

Este despertar súbito da aviação, impulsionado pelas necessidades militares decorrentes da Primeira Grande Guerra, abriu caminho ao primeiro campo de aplicação da psicologia aeronáutica, no caso concreto, a avaliação e a seleção dos primeiros pilotos. À época, as Nações beligerantes confrontavam-se com a escassez de tripulantes, agravada pelo elevadíssimo número de vidas perdidas em combate, mas sobretudo ainda na fase de treino, para além dos candidatos a aviadores que desistiam ou se revelavam incapazes de tolerar as adversidades. Com o decorrer do tempo, a acumulação de experiências e uma base de investigação aplicada sólidas, contribuíram para a atualização de processos, a aplicação de novas técnicas e a validação de metodologias que culminaram nos sistemas de seleção atualmente em vigor. Assim, podemos referir que o foco desta área aplicada da psicologia é “(…) compreender e prever o comportamento dos indivíduos no contexto aeronáutico”[1]

 

 

A Seleção de Tripulantes

 

A seleção de tripulantes é uma prática corrente na psicologia da aviação, assente frequentemente em abordagens multimétodo, que incluem testes psicométricos, entrevistas de avaliação de competências, assessment centres, recurso a computer adaptative testing, instrumentos de avaliação psicológica informatizados ou utilização de simuladores. Complementarmente, algumas companhias de aviação e Forças Aéreas dispõem das suas próprias academias, onde os futuros pilotos efetuam, após uma seleção inicial, uma fase de “voo real” classificada por instrutores/avaliadores qualificados, e cujo propósito visa determinar as aptidões e competências necessárias para operar os sistemas complexos que caracterizam a aviação atual. Todos estes processos deverão, necessariamente, assentar em projetos de investigação que permitam validar a sua eficácia e recomendar eventuais alterações ou melhorias, campo de ação onde o psicólogo aeronáutico encontra, uma vez mais, o seu espaço.

 

 

A Segurança de Voo

 

A segurança, na sua vertente safety, visa, entre outros, a identificação e mitigação de riscos operacionais, cujo propósito é a prevenção, contribuindo para a condução segura do voo e demais operações associadas. Embora nos primórdios da aviação, as aeronaves fossem muitas vezes difíceis de operar, pouco fiáveis e com uma performance muito limitada, os sistemas atuais oferecem redundâncias e capacidades tecnológicas capazes de identificar e gerir potenciais erros e anomalias. Este âmbito específico da aviação oferece ao psicólogo aeronáutico, entre outras, a possibilidade de planear, conduzir e avaliar ações de formação focadas na segurança, na perspetiva do fator humano, desenvolvendo, por exemplo, temáticas ao nível da/do:

 

            -Liderança em contexto de cockpit

            - Erro humano

            - Julgamento e tomada de decisão

            - Comunicação

            - Fadiga & Stress

            - (…)

 

 

As áreas descritas aplicam-se a pilotos, mas não se circunscrevem a estes profissionais. Os tripulantes de cabine, os controladores de tráfego aéreo ou os técnicos de manutenção aeronáutica são exemplos de ocupações críticas, sem as quais a indústria não funciona. Estas áreas funcionais requerem uma especialização concreta ao nível dos processos de identificação de competências, desenvolvimento de processos de avaliação/seleção, programas de prevenção da fadiga, de promoção do bem-estar ou de implementação de ações de sensibilização e formação, nas quais o papel do psicólogo é determinante.   

 

 

 

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[1] Martinussen, M. & Hunter, D. (2018). Aviation Psychology and Human Factors (2nd ed.). CRC Press.

Artigo da autoria de:
Pedro Piedade

Mestrado em Políticas de Desenvolvimento de RH pelo ISCTE em 2011. Licenciatura em Psicologia pelo ISPA em 1999. Desde junho de 2001 como psicólogo na Força Aérea Portuguesa, inicialmente em funções de seleção, gestão do sistema de testes informatizado, formação e acompanhamento. Posteriormente, responsável pelo departamento de psicologia aeronáutica. Desde setembro de 2021, diretor do Centro de Psicologia da Força Aérea.

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