Quando ocorre um ato terrorista, não são apenas vidas que se perdem. Rompe-se também a confiança, a sensação de segurança e a paz do quotidiano.
O Dia Internacional da Lembrança e Tributo a Vítimas do Terrorismo existe para garantir que ninguém esquece estas pessoas e para reforçar a ideia de que a dignidade humana deve estar sempre em primeiro lugar.
Esta data foi criada pelas Nações Unidas com o objetivo de dar voz às vítimas e às suas famílias. É uma forma de reconhecer a sua dor, mas também de mostrar que o terrorismo não pode dominar as narrativas públicas. Trata-se de um espaço de solidariedade e de resistência contra a normalização da violência.
Direitos humanos: a resposta ao terrorismo
Sempre que um ato terrorista acontece, instala-se a urgência da resposta. A tentação de agir com medidas rápidas e severas é grande. Mas a verdadeira força de uma democracia mede-se precisamente na forma como enfrenta a violência sem abdicar dos seus princípios fundamentais.
Os direitos humanos não são um obstáculo à segurança, mas sim a sua base. É através deles que se garante que a luta contra o terrorismo não se transforma em mais violência, injustiça ou exclusão.
Ignorar este equilíbrio seria abrir a porta a abusos, perseguições arbitrárias ou a uma vigilância que sufoca liberdades, que é exatamente aquilo que os terroristas pretendem fragilizar.
Proteger a sociedade exige, sim, mecanismos firmes, como investigação eficaz, cooperação internacional, políticas de prevenção. Mas exige também respeito absoluto pelos direitos fundamentais de cada cidadão, incluindo daqueles que são suspeitos. Só assim se evita que o combate ao terrorismo corroa a confiança nas instituições.
Responder com direitos humanos é afirmar que a democracia não se deixa intimidar. É mostrar que a justiça prevalece sobre a vingança e que a dignidade humana continua a ser o centro de qualquer sociedade livre.
O impacto psicológico e social do terrorismo
O terrorismo não destrói apenas vidas. Desestrutura famílias e fragiliza comunidades.
No plano individual, as vítimas diretas enfrentam traumas que podem acompanhar toda a vida.
Ansiedade, depressão,
insónias, flashbacks e o chamado stress pós-traumático são apenas algumas das feridas emocionais que se somam às físicas. Muitas pessoas vivem presas ao medo, revivendo incessantemente o momento do ataque, incapazes de retomar a normalidade.
As famílias, por sua vez, enfrentam um luto difícil, muitas vezes marcado pela ausência de respostas claras ou pela sensação de injustiça. Filhos que perdem pais, pais que perdem filhos, comunidades inteiras que perdem vizinhos e amigos.
No plano social, o impacto manifesta-se através da desconfiança e da polarização. O medo coletivo pode gerar hostilidade entre grupos, alimentar preconceitos e enfraquecer a coesão social. Um atentado, por mais localizado que seja, deixa marcas que se espalham no tempo e no espaço, multiplicando sentimentos de insegurança.
O terrorismo procura instalar o medo como arma de controlo. Ao semear a insegurança, enfraquece a confiança nas instituições e na própria ideia de convivência pacífica. Por isso, responder ao impacto psicológico e social não é apenas uma questão de saúde pública, é também um imperativo de segurança e de justiça.
Da ciência à prevenção: o contributo da criminologia
O terrorismo surge de contextos sociais, políticos e ideológicos que favorecem a radicalização e a violência. Compreender estas origens é essencial para evitar que novos atentados aconteçam. É aqui que a criminologia assume um papel decisivo, oferece métodos e perspetivas que ajudam a descodificar como se formam os grupos terroristas, quais os seus padrões de ação e de que forma recrutam novos membros.
Ao estudar dados históricos, analisar comportamentos e identificar tendências, a
criminologia permite construir uma visão mais clara do fenómeno.
Quanto mais conhecemos os mecanismos que alimentam a radicalização, melhor conseguimos desenhar políticas de prevenção que sejam eficazes e respeitem os direitos humanos.
A criminologia ajuda também a compreender a dimensão social do terrorismo. Quem são os indivíduos mais vulneráveis ao recrutamento? Que fatores sociais ou económicos potenciam a adesão a grupos extremistas? Estas perguntas são fundamentais para que a prevenção não se limite ao reforço policial, mas passe igualmente por políticas educativas, sociais e de inclusão.
Criminal profiling: conhecer os padrões para antecipar riscos
Dentro da criminologia, o
criminal profiling acrescenta uma dimensão prática e preventiva. Através desta técnica, é possível traçar perfis de indivíduos com maior risco de radicalização, identificar comportamentos suspeitos e antecipar cenários de violência.
Padrões de discurso, mudanças súbitas de comportamento, ligações a redes suspeitas ou consumo de conteúdos extremistas online podem constituir alertas importantes. Ao reunir estas pistas, investigadores e forças de segurança conseguem agir mais cedo e, muitas vezes, evitar que um ataque se concretize.
O profiling é, assim, um instrumento que combina ciência e prática. Baseia-se em dados, mas também na experiência de profissionais especializados. O seu objetivo não é criar estigmas ou generalizações, mas sim compreender de forma precisa onde estão os riscos.
A cooperação internacional no combate ao terrorismo
O terrorismo não reconhece fronteiras. Redes transnacionais planeiam operações em diferentes continentes, recrutam online sem limites geográficos e financiam-se através de circuitos financeiros globais. É por isso que nenhum Estado, por mais forte que seja, consegue combater esta ameaça sozinho. A cooperação internacional torna-se indispensável.
A partilha de informações entre serviços de inteligência, a harmonização de leis e a formação conjunta de forças policiais são pilares dessa resposta. Um dado recolhido num país pode ser crucial para travar um atentado noutro.
Mas a cooperação não se resume à segurança. Passa também pela diplomacia, pelo combate às desigualdades e pela defesa dos direitos humanos, fatores que reduzem o terreno fértil para a radicalização.
Terrorismo e branqueamento de capitais
Por trás de cada ato terrorista existe uma estrutura financeira cuidadosamente organizada. Atacar exige recursos: deslocações, compra de armamento, comunicação, logística. Para garantir esse financiamento, muitos grupos recorrem ao
branqueamento de capitais, transformando dinheiro de origem ilícita em fundos aparentemente legítimos.
O branqueamento é feito através de empresas de fachada, transferências bancárias complexas, comércio ilícito ou até do uso de criptomoedas. Estes mecanismos permitem ocultar a verdadeira origem do dinheiro e alimentar redes de violência que se estendem além-fronteiras.
Enfrentar este fenómeno exige vigilância financeira rigorosa e cooperação internacional. Bancos, reguladores e autoridades policiais têm de trabalhar em conjunto para rastrear fluxos suspeitos, congelar contas e impedir que o sistema financeiro seja usado como arma.
Especialize-se para prevenir e enfrentar o terrorismo
Nenhuma estratégia de combate ao terrorismo será eficaz sem profissionais preparados. A complexidade desta ameaça exige conhecimento especializado, atualizado e multidisciplinar.
Formar agentes de segurança, magistrados, psicólogos, assistentes sociais e até profissionais de comunicação é essencial para construir uma resposta abrangente. O terrorismo não se combate apenas no terreno, mas também nas escolas, nos tribunais, nos serviços de saúde e nos media.
A formação em áreas como criminologia, criminal profiling, branqueamento de capitais permite que os profissionais reconheçam sinais de radicalização, identifiquem redes de financiamento ilícitas e apoiem as vítimas com maior eficácia. Do mesmo modo, programas educativos em escolas e universidades ajudam a criar cidadãos mais conscientes, menos vulneráveis a discursos de ódio e manipulação ideológica.
Quanto mais preparados estiverem os profissionais e as comunidades, mais difícil será para as organizações terroristas prosperarem. É na capacitação de pessoas que se constrói uma defesa sólida e duradoura contra a violência.
Curso de Prevenção ao Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo
O
curso visa capacitar profissionais de entidades financeiras e não financeiras para cumprir a Lei n.º 83/2017, dotando-os de conhecimentos para prevenir, identificar e reportar operações suspeitas de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
Aborda o enquadramento jurídico, os reguladores, as fases e metodologias utilizadas, bem como a implementação de mecanismos internos de controlo. A formação é essencial para garantir conformidade legal e proteger as organizações de riscos e sanções.
Curso de Técnico de Apoio à Vítima
O
Curso de Técnico de Apoio à Vítima prepara profissionais para atuar em cenários de grande vulnerabilidade, dotando-os de competências essenciais para identificar, acompanhar e proteger vítimas de crimes complexos. Embora esteja centrado na violência doméstica e de género, o curso fornece bases que são igualmente aplicáveis a outras formas de violência extrema, como o terrorismo, o rapto e o tráfico de pessoas.
A formação permite reconhecer sinais de abuso, oferecer apoio psicológico e jurídico e promover a reintegração social. Estas competências são essenciais para proteger vítimas de exploração e abusos sexuais, garantindo a defesa dos direitos humanos em cenários de violência extrema.