A parentalidade é, ao mesmo tempo, um ponto de chegada e de partida. Com o nascimento de um filho, renasce também uma nova versão de quem cuida: com mais amor, mais responsabilidades e, muitas vezes, mais dúvidas, cansaço e exigência emocional.
Para além do lado “mágico” da maternidade e da paternidade, existe uma realidade complexa de transformação psicológica, de reconfiguração da identidade pessoal e relacional, e de gestão de novos equilíbrios entre o “eu”, o “nós”, o outro e o(s) filho(s).
Estes desafios não são exceção, são parte integrante do percurso de quem educa, protege e se reinventa diariamente. E os profissionais que lidam com pais, especialmente de “primeira viagem”, desde psicólogos a médicos, são essenciais para que a parentalidade seja mais harmoniosa e positiva.
Quando o adulto também nasce: A transição invisível
A literatura especializada reconhece a parentalidade como um processo de transição do ciclo vital, com impacto significativo na saúde mental, nos papéis sociais e na autoimagem.
Os estudos de Daniel Stern, por exemplo, descrevem o nascimento do “pai ou mãe psicológico”, uma construção interna que evolui com a experiência, com os vínculos e com as exigências da nova realidade familiar.
Este processo de adaptação pode incluir:
• Perda momentânea da autonomia ou da previsibilidade;
• Ambivalência emocional entre alegria e exaustão (Burnout parental);
•
Conflitos relacionais causados por novas rotinas ou prioridades;
• Necessidade de redefinir objetivos profissionais e pessoais.
Reconhecer e validar estas vivências, tanto em contexto clínico como educativo, é essencial para promover a saúde emocional dos cuidadores e, por consequência, das crianças.
A importância das relações e da rede de apoio
A parentalidade não é uma tarefa individual. O suporte do parceiro, da família alargada, das instituições educativas e da comunidade é um fator determinante na capacidade de adaptação dos pais e mães. O isolamento, por oposição, tem sido associado a maior risco de depressão pós-parto, burnout parental e sentimentos de ineficácia.
Profissionais que trabalham com famílias devem, por isso, identificar e fortalecer os recursos relacionais disponíveis, promover uma comunicação assertiva entre os cuidadores e sensibilizar para a partilha de responsabilidades no cuidado.
A intervenção pode ainda incluir:
• Estratégias de coparentalidade positiva;
• Grupos de apoio entre pares;
• Promoção de ambientes educativos alinhados com os valores familiares;
• Consultas ou sessões orientadas para a escuta empática e a reorganização familiar.
Autocuidado: pais felizes, filhos felizes
Ao contrário do que muitos pais e sociedade pensam, o autocuidado não é um luxo. Pais e mães emocionalmente disponíveis, física e mentalmente saudáveis, têm maior capacidade de responder às necessidades das crianças com presença, consistência e empatia.
Práticas simples como criar momentos individuais de pausa ou prazer, manter rituais de sono, alimentação e socialização, pedir ajuda sem culpa, e estabelecer limites entre o papel parental e a identidade pessoal podem ser determinantes para a estabilidade emocional da família como um todo. O papel do profissional passa também por reforçar esta legitimidade: cuidar de si é cuidar do vínculo.
Formação essencial na área da parentalidade
A parentalidade não se ensina: vive-se, aprende-se e constrói-se diariamente com apoio, conhecimento e reflexão. A formação dos profissionais que acompanham famílias é fundamental para construir respostas mais empáticas, baseadas em evidência e culturalmente sensíveis.
As formações do Instituto CRIAP foram desenvolvidas precisamente para apoiar este caminho, promovendo práticas parentais mais conscientes, relações familiares mais saudáveis e uma maior resiliência emocional.
Neste sentido, destacam-se algumas formações essenciais:
Especialização Avançada em Psicologia da Gravidez e da Parentalidade
Esta especialização traduz-se numa proposta formativa que permite a compreenção, avaliação e intervenção psicológica nas fases críticas de transição para a parentalidade, com ferramentas clínicas específicas e atualizadas.
Curso Avançado em Parentalidade e Educação Consciente
Este curso é focado no desenvolvimento de práticas educativas respeitadoras das necessidades emocionais da criança, alinhadas com os princípios da parentalidade positiva e da educação emocional.
Curso em Coparentalidade Positiva
Um curso mais focado na
intervenção com famílias em conflito, destinado a psicólogos, assistentes sociais, professores e outros profissionais que podem contribuir ativamente para a promoção da parentalidade e coparentalidade positivas em famílias intactas e
separadas.
Webinário “Desafios da Parentalidade: Mudanças, Relacionamentos e Auto-Cuidado”
Serão abordados tópicos como:
• Transformação emocional: a nova identidade dos pais.
• Mudanças na rotina e no estilo de vida.
• Alterações na dinâmica das relações e o papel da rede de apoio.
Um espaço formativo, mas também pessoal, para pensar a parentalidade com mais clareza, compaixão e intencionalidade. Garanta a sua inscrição!