O Dia Internacional do Autocuidado, celebrado a 24 de julho, lembra-nos de uma verdade muitas vezes ignorada: quem cuida dos outros também precisa de cuidar de si. A verdade é que o desgaste físico e emocional dos profissionais de saúde é real. E é crescente. Jornadas longas, contextos de
urgência, decisões clínicas difíceis, sofrimento humano. Tudo isso deixa marcas que nem sempre são visíveis, mas que afetam o desempenho, a motivação e, em última instância, a própria saúde.
Autocuidado na saúde: uma prática (ainda) adiada
Falar de
autocuidado em saúde não deveria ser exceção. Deveria fazer parte da rotina. Mas sabemos que não é assim. A cultura do “dar sempre mais”, da disponibilidade permanente e da tolerância ao cansaço crónico ainda está profundamente enraizada nas práticas clínicas.
Em muitos contextos, cuidar de si continua a ser visto como sinal de fraqueza, quando na verdade é um ato de responsabilidade profissional. Porque um profissional exausto não pode cuidar com a mesma atenção. Um profissional emocionalmente desgastado não consegue comunicar com a mesma empatia. E um profissional que se esquece de si, cedo ou tarde, terá de parar.
O autocuidado é a base. E é por isso que precisamos de o integrar nas práticas, nas equipas e até nos programas de formação.
Inteligência emocional: gerir para resistir
Mais do que “lidar com o stress”, trata-se de criar uma base sólida de autorregulação emocional, de empatia, de consciência dos próprios limites. Profissionais emocionalmente mais conscientes são também mais resilientes, mais colaborativos e mais capazes de construir ambientes de trabalho seguros, do ponto de vista humano e clínico.
Práticas de autocuidado: o que pode realmente fazer a diferença?
As estratégias de autocuidado não se esgotam em pausas e respirações profundas, embora estas também sejam importantes. O que se pretende é uma abordagem consciente, consistente e integrada ao bem-estar pessoal e profissional. Eis algumas práticas com base científica que podem e devem ser consideradas:
• Estabelecer limites claros entre o tempo de trabalho e o tempo pessoal, mesmo em contextos de exigência elevada.
• Reconhecer sinais precoces de exaustão, tais como alterações de humor, perturbações do sono, perda de motivação, e agir de forma preventiva.
• Criar rotinas de autorreflexão, que permitam avaliar o estado emocional, as motivações e as dificuldades sentidas.
• Promover hábitos de vida protetores, como uma alimentação equilibrada, prática regular de exercício físico e momentos de lazer genuíno.
• Investir em relações de apoio, dentro e fora do local de trabalho, que funcionem como rede de contenção emocional.
Estas práticas não substituem políticas institucionais de saúde ocupacional, mas são o ponto de partida para uma mudança sustentada.
Autocuidado organizacional: o papel das instituições
O autocuidado não deve ser apenas uma responsabilidade individual. As organizações de saúde têm um papel determinante na criação de contextos que favoreçam o bem-estar dos seus profissionais. Poderás acrescentar:
• Cultura institucional que valorize o bem-estar, com horários realistas, pausas protegidas e carga de trabalho equilibrada.
•
Supervisão clínica e apoio psicológico estruturado, com acesso a psicólogos organizacionais ou programas de Employee Assistance.
•
Liderança empática, capaz de identificar sinais de desgaste nas equipas e de atuar preventivamente.
Impacto do burnout na qualidade dos cuidados
O burnout nos profissionais de saúde não afeta apenas o seu bem-estar individual, compromete também a qualidade e segurança dos cuidados prestados.
Quando um profissional se encontra em estado de exaustão física e emocional, torna-se mais suscetível a falhas de atenção, erros clínicos, dificuldade na tomada de decisão e menor capacidade de escuta e empatia.
Estudos indicam que o burnout está associado a um aumento da incidência de eventos adversos e a uma menor satisfação dos utentes. Além disso, o desgaste prolongado favorece o absentismo, a rotatividade de pessoal e a desmotivação generalizada nas equipas, afetando a coesão e a eficiência dos serviços.
Assim, cuidar da saúde mental dos cuidadores não é apenas um dever ético, é uma condição indispensável para garantir cuidados clínicos seguros, humanos e eficazes.
Começar pela formação: um passo essencial para profissionais mais conscientes e preparados
Num setor onde as exigências não abrandam, a formação em autocuidado e inteligência emocional deixou de ser opcional. É um investimento estratégico na qualidade dos cuidados e na sustentabilidade dos próprios profissionais.
Especialização Avançada em Gestão de Emoções, Saúde e Bem-Estar
Especialização Avançada em Inteligência Emocional para Psicólogos
Especialização Avançada em Inteligência Emocional em Alta Performance
Curso em Práticas de Autocuidado para Profissionais de Saúde
O
Curso em Práticas de Autocuidado para Profissionais de Saúde oferece ferramentas concretas para quem quer manter a saúde física e mental em ambientes clínicos exigentes. Os participantes aprendem a reconhecer os seus limites, a construir rotinas de bem-estar e a promover mudanças duradouras no estilo de vida.
Curso em Inteligência Emocional no Trabalho
O
Curso em Inteligência Emocional no Trabalho permite a qualquer profissional desenvolver competências que favorecem uma gestão emocional equilibrada no local de trabalho, essencial para contextos de grande complexidade relacional.
O Dia Internacional do Autocuidado é um lembrete de que quem cuida também precisa de ser cuidado. O equilíbrio emocional e o bem-estar físico dos profissionais de saúde não são um detalhe: são uma condição fundamental para que o sistema funcione, com humanidade e excelência.